O soba grande do município do Virei, a 133 quilómetros a leste da cidade do Namibe, Inácio Masseca, disse hoje, nesta cidade, que os verdadeiros donos de África continuam a ser os povos Mucubais, por serem portadores da cultura, da arte e do espírito africano.
Em declarações à Angop, a autoridade tradicional do Virei frisou que a tribo Mucubal, localizada no deserto do Namibe e nas extremidades da Serra da Leba, com actividade principal a pastorícia, é considerada como verdadeiros povos de África por conterem a prevalência da sua cultura, hábitos e costumes durante os conflitos armados que assolaram o país.Inácio Masseca, de 85 anos de idade, realçou que a tribo Mucubal é constituída por povos cuja riqueza são os bois, que são o suporte para que os homens possam sustentar as famílias, vivendo em harmonia.
Quando ao vestuário, frisou os Mucubais possuem uma cultura semelhante aos povos Mumuilas, Mucuissis Muihimba os Mohacahonas, apresentando-se semi-nus cobrindo-se apenas com peles e panos típicos, não dispensando a catana, lança e purinhos, e são capazes de percorrerem mais de 50 quilómetros por dia.
“Cada Mucubal dispõe de um kimbo e várias cubatas expostas em círculo, onde reúnem todas as mulheres e família, sendo que o soba é o chefe e representante junto das entidades oficiais e tendo como herdeiros da riqueza os sobrinhos, filhos da irmã”, realçou.
Inácio Masseca salientou que a tribo mucubal, com características semi-social e nómada, apesar da poligamia ser usual, não é permitido o adultério, infracção punível com o pagamento de três bois.“O casamento tem um significado diferente em várias tribos. Em primeiro lugar, quem pretende uma esposa deve falar com os encarregados, enquanto nos Mucubais a menina é ocupada aos seus cinco anos de idade para um jovem de 15 a 17 anos”, asseverou.
Frisou que a menina antes de se casar a partir dos 13 anos, terá a obrigação de fazer a festa de puberdade denominada cuhelula “o fico” ,com uma equivalência de uma cabeça de gado e outras duas, posteriormente entregues a família.
As cerimónias fúnebres são feitas com a transportação do cadáver numa pele e depois do enterro é colocado na cruz mais de cinco xifres de bois, que simboliza a riqueza.
Angop
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